Virou moda.
Talvez até religião.
Julgar. Acusar. Cancelar. Opinar com raiva sobre vidas que você nunca viveu.
Estamos vivendo uma era onde empatia virou fraqueza e opinião virou sentença.
Se o outro caiu, é porque mereceu.
Se chorou, é drama.
Se sumiu, é pose.
Se explodiu, é desequilibrado.
Se não explodiu, é frio.
A verdade? O mundo virou um grande tribunal sem processo, sem defesa, sem contexto — só a execução.
E a internet, que poderia ser uma ponte, virou forca.
Rápida. Eficiente.
Tem sangue? Tem cliques.
Tem dor? Tem engajamento.
E sempre tem alguém a postos pra subir no caixote digital com o dedo em riste e a alma entalada em frustração.
Odetalhe que ninguém vê? É que o ser humano que está do outro lado da tela — sim, ele ainda é humano — pode estar num nível de exaustão que você não aguentaria nem um mês. Pode estar tomando remédio pra dormir, terapia pra não desistir, ou lidando com perdas que você não suportaria nem em filme. Mas você julga. Porque é mais fácil. Porque é automático. Porque te dá a ilusão momentânea de superioridade — e a gente sabe o quanto o ego adora essa sensação.
Julgar é o atalho emocional do covarde. É a forma mais baixa de inflar o próprio valor: Comparando-se com o outro em sua pior fase. É como assistir alguém tropeçando e pensar: “Ainda bem que não sou eu.” Mas amanhã pode ser. E, ironicamente, será. Porque a vida tem esse talento cômico de nos colocar exatamente na pele que criticamos. Só pra ver se aprendemos a calçar o sapato antes de apontar a sujeira do caminho alheio.
Meu conselho? Simples: fique ocupado demais melhorando sua própria vida pra perder tempo julgando a dos outros. Não é nobreza — é inteligência emocional. E se não for possível ajudar, cale-se. Se não puder estender a mão, pelo menos não puxe o tapete. Se não entender a dor do outro, tudo bem — mas não invente uma história pra explicar como ele "se colocou naquela situação". Afinal, você não tem a menor ideia. E se tem, está distraído demais pra lembrar que, da mesma forma, ninguém tem a menor ideia do que você carrega por dentro.
Luiz Leal
Escritor e Life Coach Realista